Ps: Todos os textos encontram-se registrados na biblioteca nacional.

sábado, 31 de outubro de 2015

Mala de Viagem

Estou no quarto, a mala posta na cama.
O que levar de bagagem? O que me pesa?
Seus retratos, roupas, aparelhos?
Dois cadernos enrolados e nada mais.
Quer saber o que contém? Minhas pequenas antologias místicas...
Nas mãos de outrem não pesaria mais de um quilo, certamente!
Mas nas minhas pesa a coluna, cansa os olhos, acelera o pulso.
Esses papéis... filtram-se nas paredes, nas janelas, nas plantas.
Motor imóvel, possuem luz e movimentos próprios. Deixa-los para trás
seria como deixar a mim mesmo, perder-se no meio do caos...
Não como um braço ou uma perna, mas uma parte vital de mim,
Um amuleto biológico de rubra cor! Não posso deixá-los. Eu os abraço e
me completo, agora e sempre! Rumo a estrada que conduz a todos os caminhos...
Estou saindo de viagem, levando dois cadernos enrolados, com papéis e seus retratos e nada mais.

(Felipe Pöe)


(poema pertencente ao livro "Esfinge", editora: Homero, São Paulo, Agebook)

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