Ps: Todos os textos encontram-se registrados na biblioteca nacional.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Crônica de um observador Anacrônico


- Hã? Oi? Ah, são 07h40min e a saída é logo ali! Responde-me a garota vibrada no seu tablets, de última geração, na estação de Jabaquara, quando me dirigia em direção a manada dos bois na estação da luz, pela manhã.
Uma senhora de idade do meu lado se contorce de dor, e se enfurece ao ver um garoto viajar no seu ipod nano, sentado bem no banco sinalizado para idosos, do seu lado outro garoto se diverte com a leitura de Shakespeare nos seus Ipads (Pasmei!), coçando a cabeça e se irritando com o som estrepitoso de um rádio de funk, do outro lado da plataforma impedindo, assim, sua refeição intelectual matutina...
Enquanto isso, no fundo do vagão, a garota que eu fito não tira os olhos de seu Note Book Apple, imersa num mundo de moda e beleza...

-Será que nesse mundo de relações líquidas, eletrônicas e digitais é impossível ser poeta?


(Felipe Pöe)

(poema pertencente ao livro "Esfinge", editora: Homero, São Paulo, Agebook)