Ps: Todos os textos encontram-se registrados na biblioteca nacional.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Réquiem


Eu, com minhas reticências...
Intrépido talvez, mas cético nem sempre.
Leva tanto tempo para ficarmos comum ao que nos convém.

Você compreende o que é olhar distante, além, e ao mesmo
Tempo estar preso a terra?

Algumas verdades cravaram-se na carne, no sangue, como esquecê-las?
Se, no entanto, aspiramos ao eterno... irredutíveis!

As tecnologias continuam caminhando em nome do “progresso”.
Vida privada nos jornais, revistas, internet... privada mesmo é a dor,
Na sua dura batalha de revelação e insight. Segredos inconvenientes.

Mas sorrimos!
É preciso compreender a finitude-eterna das coisas, um
Homem doa-se numa praça, ao meio dia, como em qualquer
Lugar do mundo.

Saudamos a família!
A família é, pois, uma disposição de móveis, cômodos, linhas
De expressão, semblantes. São portas, janelas, camas, caixas
Esquecidas, cachorro latindo. Tudo banhado de silêncios,
amores e desejos.

Logo afanamos o silêncio: pedimos carnes, bebidas, revoluções, manifestos
e arte. Que venha a palavra, o desejo, o decreto, o golpe.

Certas partes de nós reclamam, uma viaja ao norte, outra arde de desejo,
de amor. Cada instante é diferente e cada homem é diferente. A multidão
também pede seu tributo...

Eu sei que ela caminha ao meu lado. Ela é minha irmã, minha mãe, amante,
primeira namorada... olhar de ternura, um sorriso gentil. É bom saber que somos iguais,
uma substância única. [na arte e no sono]. 

(Felipe Pöe)

quinta-feira, 17 de março de 2016

Cinema de Tudo


O problema é a saudade
Como o desabrochar de uma flor
Este também é um momento de vida.

A poesia é uma flecha certeira, acerta no alvo
A poesia as vezes é cruel, vista do alto.
Eu não acredito que você venha tão perto
só para conferir seu tesouro...

Memórias de infância, carros parados na chuva,contai
Cinzas de incensos,tocos de vela
                                                  [contai:


A musa é mais do que um símbolo!
Eu sei! É difícil admitir que o mal existe,
e que ele também se presta a um bem maior.

Ode a todas as semelhanças!

Semelhância com todos os assassinos, todos os jogadores, todos os bêbados, todos os palhaços noturnos,todos os párias faladores, todos esses cantores irriquietos.

É preciso procurar por apoios.
Um pé na metáfora, e outro no real,
E vangloriar suas realidades
pois a realidade da fantasia é tão real
quanto a própria realidade.

As histórias contiuam: juventude perdida,
a garota que deixou o lar
Afinal de tudo ficou um pouco.

Eu adiei o golpe por tanto tempo
vai ver esperava-o, com um personagem
numa tragédia qualquer.

Para que escrever? Mas paro e penso
Deve haver um caminho... já que é
nos entreatos que a vida avança.

A razão caiu. E o que sobrou:
A fantasia! Que é o que permanece
de mais selvagem no homem.

Viajante ocular das ruas, dos semblantes,
Da beleza crepuscular ao torso feminino.
Da retina aquilínea,manipuladora de luz
e sombra, eficaz, rasante pousa nos olhos
e bate vôo.

Você está tão distante de mim...
mas você vai me achar! num canto
de um bar qualquer, a meia luz
observando, me exercitando, cinema de tudo!

Felipe Pöe

(poema pertencente ao livro "Esfinge", editora: Homero, São Paulo, Agebook)